sexta-feira, 12 de junho de 2009

Juventude viciada

Considerado a principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo atinge cerca um terço da população mundial. Muitos começam a fumar sem saber das consequências que isso pode atingir, na maioria das vezes começam ainda jovens ou até mesmo crianças. Em alguns grupos de amigos fumar pode parecer sinônimo de independência dos pais. Fumam para parecer mais velhos e donos de si. E quando dão conta que a saúde está em boa parte comprometida, já é um pouco tarde para uma saída tranquila.

Que o cigarro faz mal a saúde e que grande parcela da população mundial é fumante todos sabem. Mas por que milhões de jovens insistem em entrar para essa estatística?

A tendência é mais preocupante pela ameaça que representa no futuro: quanto mais cedo a pessoa começa a fumar, mais difícil deixar o cigarro. Pesquisas da OMS indicam que 90% dos fumantes brasileiros começaram entre 5 e 18 anos e não percebem os efeitos causados pelo tabaco.

Foi-se o tempo em que um cigarro na mão era sinônimo de independência, de ser “o bom” da turma. Hoje, a nicotina é mais democrática, atinge todas as tribos: playboys, patricinhas, a galera do fundão, "nerds", skatistas, emos, punks e alternativos. O cigarro já chegou ao alcance de todos.

Também ficou no passado aquela fase de glamour do cigarro. A atual geração de adolescentes não acha que o cigarro é legal porque vê Brad Pitts e Angelina Jolies acendendo Marlboros na tela. Quase todos afirmam que fumar é prejudicial. Os adolescentes de hoje não associam fumo ao charme, fumam por outros motivos. E o principal deles é a aceitação em algum grupo.

Desde que o mundo é mundo o adolescente quer ser adulto, assim como a criança quer ser adolescente. O cigarro ainda é associado a pessoas adultas. Está aí o principal motivo para que tantos jovens ingressem na vida de fumante. O desejo de se tornarem adultos e donos de si o quanto antes.

Quanto aos efeitos do consumo de tabaco por adolescentes, a curto prazo, é possível prever a leve obstrução das vias respiratórias, o funcionamento pulmonar reduzido, além de apresentar dois ou três batimentos cardíacos por minuto mais rápidos do que em jovens não fumantes. Estudos revelam ainda a ocorrência de sinais prematuros de problemas cardíacos e derrames. Segundo a OMS, normalmente o vício do tabaco começa antes dos 18 anos, e os seus efeitos a longo prazo são a incidência de câncer de pulmão, de estômago, derrame e aterosclerose coronariana.

Alguns ainda percebem os males a tempo, mas mesmo assim a batalha contra o cigarro é um pouco desleal. Para Yuri Gonçalves, de 18 anos, largar o vicio é tarefa muito difícil. “Fumo desde os 14 anos, e há um mês, mais ou menos, decidi que preciso parar de fumar. Fumo menos que antes, mas ainda fumo.” Os amigos de Yuri perceberam a situação do amigo quando ele começou com crises de tosse intermináveis. Alguns deles fumam, mas nem assim se comoveram com o exemplo. “Eu estou tentando parar em razão da minha saúde, os meus amigos me incentivam, mas nem por isso pretendem parar também. Essas coisas são complicadas.”

A OMS considera o tabagismo uma doença pediátrica, dado que grande parte dos fumantes experimenta o primeiro cigarro e fica dependente antes dos 18 anos de idade. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), órgão brasileiro vinculado ao Ministério da Saúde, cerca de 100 mil jovens começam a fumar todos os dias no mundo, mas nos últimos 20 anos caiu pela metade o número de jovens fumantes.

O controle do tabagismo deve começar com ações voltadas para jovens. Segundo Deborah Malta, coordenadora da área de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, “A adolescência é a época mais comum para a iniciação ao tabagismo, por isto é preciso estar atento e desenvolver políticas públicas para prevenir este hábito precoce. Como já existem inúmeras leis antitabagistas e ações educativas, os jovens hoje são menos expostos que no passado e por isto têm fumado menos”. (Leia mais)

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